Friday, August 31, 2007

ouvinte 54

Existem Pessoas de todo o tipo
Existem Pessoas para todos os gostos.

O mesmo será dizer,

Existem Sonhos de todo o tipo
Existem sonhos para todos os gostos.

Estava hoje ouvindo a Rádio Renascença quando de repente um telefonema irrompe pelos microfones e chega até mim via coluna de som da aparelhagem.
O Telefonema cumpria um objectivo bem específico, estando inserido no contexto de uma rubrica oferecida pela estação de rádio (não era portanto ao acaso realizado, e já vamos perceber que não).
O propósito era o de elevar aquele Dia, aquele Momento especiais para ela, à condição de ritual coomemorativo.
Deixemos falar a senhora:

“ Queria escolher uma canção da Celine Dion” _ uma qualquer que não me recordo, no entanto se é da Celine Dion, já antevemos o porquê do telefonema, são todas iguais, dirão todas o mesmo de maneiras diferentes, embora concerteza digam coisas diferentes, e pergunta o comunicador da Rádio _ “ Pode saber-se a razão da sua escolha, porque telefona a pedi-la?” _ e responde a senhora _ “ É para coomemorar a realização de um sonho, um sonho que agora se tornou real, agora que completo 54 anos, um sonho com o qual sonhei toda a vida, e que vejo agora cumprido, digo agora porque a maioria das pessoas nesta idade já não acalenta esperança.

Coomemoro estar apaixonada, e muito, hoje com 54 anos.”_
Este depoimento, curto, ouvido numa manhã chata e aborrecida, inesperadamente, inusitado, dá-nos que pensar.

Epá!

1- Os sensatos - As pessoas de 54 anos também se apaixonam?

2- O esperançoso - Uma mulher de 54 anos encontra a sua cara metade com meio século de vida passado, isto só vem provar que quem espera sempre alcança, assim há esperança para todos os solitários.

3- Optimistas - Que a vida está repleta de surpresas (AH!), e que a vida contém tudo, não se sabe onde, nem se nos virá ter à mão, ou se nós é que o encontraremos, quando? E portanto até que choquemos com essa coisa, com que tanto sonhamos, só nos resta esperar porque ela virá ter connosco.

4- Para os não crentes, esses têm de fazer planos, concebem estratégias para lá chegarem e quando chegam dizem, epá finalmente consegui!

5- Com que então sonhaste toda vida encontrares essa pessoa que te preenche?

6- Epá desperdício de energia. Havia tantos sonhos, tanta gama de cores para sonhar, e tu fidelizaste-te a esse sonho?

7- Solitários satisfeitos – Eu não troco a minha paz por nada, nem por uma companhia, agora que vou entrar na metade mais difícil da vida, em que a solidão começa a invadir todo o espaço e que eu estou mais frágil para enfrentá-la já que mais fisicamente diminuído, não trocaria de certeza a minha solidão conhecida e portanto estabilizada, por algo que desconheço e portanto algo temido por necessitar de uma adaptação de mim à nova situação.

8- Romântico – O Amor não tem idade, é sempre tempo de amar.

9- Prá- Frentex – Acho bem, hoje com 54 anos o sexo é muito bom, ainda se é jovem, têm mais é que aproveitar.

10- Masoquista – Dá-lhe com força, assim é que é Bom.

11- Escondido invejoso – Epá, podias muito bem ter concretizado o teu sonho mas sem vires dizer nada a ninguém, isso lá é coisa que se partilhe.

E nós que aqui estamos respeitamos todas as decisões, somos a favor de que todo o tipo de sonho deve ser perseguido, até que a pessoa se canse.

O do contra diria: epá sonho é sonho não deve ser levado muito a sério.


A favor contam-se 50%
Contra contam-se 49%
Indecisos contam-se 1%

Será que vale a pena esperar 54 anos para ver cumprido um sonho?
Será que depende do sonho ou todo o sonho vale a pena?
Todo o sonho vale a pena quando a alma não é pequena?

Quem somos nós para dizer que um sonho é mais valioso e deve ser sonhado, e outro é tolo e portanto deve ser acordado, quem o faz?
Quem pode ou tem direito de criticar o que deve ser sonhado, e até quando é moralmente aceite que um sonho deve ou não ser alimentado?

1 comment:

Лев Давидович said...

Para responder à questão final, só há uma palavra: ninguém
Terá tudo de assentar numa relação de respeito entre o próprio e o próximo.
Não é à toa que se fala em subjectivismo, em quase tudo.
O sujeito, todo ele diferente, é a base de tudo